Receita Federal adota inteligência artificial para intensificar fiscalização tributária com o Projeto Analytics
Nova plataforma monitora transações em tempo real e identifica esquemas de sonegação, mas levanta preocupações sobre privacidade e proteção de dados conforme diretrizes da LGPD.
A Receita Federal inaugurou uma nova era na fiscalização tributária brasileira com o Projeto Analytics, uma plataforma de inteligência artificial que promete revolucionar a forma como o país combate a sonegação fiscal e esquemas complexos de fraude. Essa tecnologia avançada é capaz de monitorar e interpretar um volume imenso de informações em tempo real, como declarações fiscais, transações financeiras e dados aduaneiros. Recentemente, o Analytics identificou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo mais de R$ 700 milhões, utilizando empresas de fachada para a compra de criptomoedas.
Essa ferramenta é parte de um esforço mais amplo da Receita para aumentar a eficiência na identificação de irregularidades tributárias, complementando outras iniciativas como o Sniper, o Simba e o Cnib. De acordo com especialistas, o projeto marca uma transformação profunda no cenário fiscal brasileiro, aumentando o poder de fiscalização do governo.
No entanto, o uso dessa tecnologia levanta questões éticas e legais importantes. O aumento na coleta e monitoramento de dados pessoais e fiscais pode representar um risco à privacidade dos contribuintes, e a Receita Federal precisará equilibrar o uso eficiente da ferramenta com o respeito aos direitos individuais garantidos pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). É fundamental que a implementação do Analytics seja acompanhada de um diálogo aberto com a sociedade, garantindo que as ações sejam transparentes, justas e voltadas para o bem coletivo, evitando qualquer percepção de parcialidade ou abuso de poder.
O sucesso dessa iniciativa não dependerá apenas da inovação tecnológica, mas também da capacidade da Receita Federal de proteger os dados e o sigilo bancário dos contribuintes, assegurando que a plataforma seja utilizada com responsabilidade e transparência, de modo a manter a confiança pública e fortalecer o combate à sonegação e à fraude fiscal no Brasil.